Abacaxi-de-tingir (Aechmea bromeliifolia)* Foto: Luiz Oliveira.
Apesar da exploração de madeira, lenha e outros usos quando ainda pertencia à Fazenda Butantan, bem como degradações posteriores decorrentes de seu isolamento e da urbanização que o circunda, esse fragmento de Floresta Atlântica ainda mantém uma grande riqueza vegetal.
Somando-se às espécies arbóreo-arbustivas listadas por Dislich em 2002, as herbáceas, subarbustivas, lianas e hemiepífitas catalogadas por Groppo-Jr. & Pirani em 2005 e as epífitas listadas por Dislich & Mantovani em 1998, a RFIB totaliza 406 espécies de plantas vasculares. Devido às muitas pesquisas realizadas, principalmente por pesquisadores/as do IB, este fragmento florestal possui uma das mais completas listas florísticas da cidade de São Paulo. Merece destacar a existência de árvores de grande porte, como cedros (Cedrela fissilis), araribás (Centrolobium tomentosum) e figueiras (Ficus spp.).
A flora da RFIB foi detalhadamente estudada ao longo de muitos anos e é composta por cerca de 120 espécies de árvores e arbustos nativos, 37 espécies de epífitas vasculares, 188 espécies de ervas, subarbustos e lianas. Há ainda, pelo menos 30 espécies lenhosas exóticas, sendo a palmeira australiana (Archontophoenix cunninghamiana) um grande problema, com intensa proliferação, ameaçando várias espécies nativas.
A vegetação desse fragmento pode ser caracterizada como uma transição entre a floresta ombrófila densa - característica das encostas da Serra do Mar - e a floresta estacional semidecídua, do interior do Estado, ambas fisionomias da Mata Atlântica.
O estrato superior dessa mata é formado por árvores de 10 a 25 m, que geralmente possuem a copa frondosa, totalmente exposta à luz solar, com caules grossos e fuste alto. Destacam-se os cedros (Cedrela fissilis), as figueiras (principalmente Ficus insipida), o pau jacaré (Piptadenia gonoacantha), o araribá (Centrolobium tomentosum), o tapiá (Alchornea sidifolia) e o tapiá-mirim (Alchornea triplinervia).
Abaixo, há um segundo estrato arbóreo, formado por espécies de menor porte, entre 4 e 10 m de altura, merecendo destaque o marinheiro (Guarea macrophylla), a canela-amarela (Endlicheria paniculata), a guaçatonga (Casearia sylvestris) e o cambuí (Myrciaria floribunda). Dentre os arbustos, são muito abundantes os indivíduos de grandiúva-de-anta (Psychotria leiocarpa) e o cafezinho roxo (Psychotria suterella).
O estrato herbáceo, rarefeito nas partes sombreadas, sobressai na orla da mata e nas baixadas úmidas. Sobre os troncos e ramos das árvores, crescem epífitas e apoiam-se muitas lianas, de delgadas a muito robustas.
Referências:
DELITTI, Wellington; PIVELLO, Vânia. Reservas ecológicas da Universidade de São Paulo. São Paulo, Edusp. 2017.
HÖFLING, Elizabeth; CAMARGO, Hélio. Aves do Campus. São Paulo. 1993.